Vens de noite no sonho sem pés entre páginas de gasta paciência quando a música findou e teu sorriso se desfez como um grão de pólen.
Vens no veneno oculto de meus dias no silêncio dos meus ossos devagar arrastando em queda o nosso mundo.
Vens no espectro da angústia na escrita inquieta destes versos no luto maternal que me devolve a ti.
A escuridão desce então sobre o meu corpo quando o rosto da morte adormece na almofada.
Ana Marques Gastão Nocturnos Lisboa, Gótica, 2002
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