Café
Entro num destes cafés com história, onde ainda se respira l' air du temps de um passado não muito longínquo e imaginam-se os susurros das vozes que encontramos nos romances, nos quadros, nas caricaturas e na dramaturgia.Não será difícil imaginar favores literários atríbuidos entre três bicas, criaturas que faziam dos cafés os seus salões assim que deixavam os quartos alugados (Bocage, Batalha Reis, Pessoa, Rodrigues Miguéis), artistas falidos (Gomes Leal) que se contentavam com um bolinho e cinco cafés para esconder a fome do dia, tabaco cravado a qualquer um, outros que se instalavam nas esquinas encostados às paredes, fatos poídos voltados ao contrário, todos chiques com a sua bengalinha e de carteira vazia e a um canto, Stuart de Carvalhais a desenhar caricaturas a troco de dois brandies.
- Madame, o que deseja?
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(A 3ª mesa encostada ao espelho, com sofá, do lado esquerdo de quem entra, por favor, num tempo em que as "mulheres sérias" não entravam em cafés. E digo cafés, que não são confeitarias.)
Fotografia: Cidade surpreendente
3 Comments:
Um dos mais bonitos cafés em que entrei. Esse air du temps é que se vai escapulindo lentamente de todos os sítios. Há muito quem o confunda com o démodé...
..."favores literários atríbuidos entre três bicas"...
Mui estimada miss Pearls,
no Porto não é costume chamar "bica" ao café. A maioria dos empregados nem sabe o que isso é...
Contaram-me que um cliente (se calhar de Lisboa), num Café da periferia do Porto, pediu uma "bica" a um empregado, por acaso brasileiro, e este respondeu que aquele Café era uma "casa séria" e que ali não se vendiam drogas...
Katraponga,
Hoje são quase atracções turísticas :)
Rui,
Usei a fotografia de um café do Porto porque a Cidade Surpreendente é um grande blog e porque tenho do Majestic lembranças pessoais que muito estimo. Só por isso.
Eu peço sempre um café no Porto :)
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