Entro num destes cafés com história, onde ainda se respira
l' air du temps de um passado não muito longínquo e imaginam-se os susurros das vozes que encontramos nos romances, nos quadros, nas caricaturas e na dramaturgia.
Não será difícil imaginar favores literários atríbuidos entre três bicas, criaturas que faziam dos cafés os seus salões assim que deixavam os quartos alugados (Bocage, Batalha Reis, Pessoa, Rodrigues Miguéis), artistas falidos (Gomes Leal) que se contentavam com um bolinho e cinco cafés para esconder a fome do dia, tabaco cravado a qualquer um, outros que se instalavam nas esquinas encostados às paredes, fatos poídos voltados ao contrário, todos chiques com a sua bengalinha e de carteira vazia e a um canto, Stuart de Carvalhais a desenhar caricaturas a troco de dois brandies.
Madame o que deseja?
Fotografia: Cidade surpreendente
7 Comments:
Dear Miss Pearls:
Então ele agora (depois dos chás) são os cafés? Não resisto, não posso resistir, não consigo. Quanto aos locais onde se bebe o "dito", bebida do diabo, costumo mtº dizer que uma cidade são tb, e mtºíssimo, os seus cafés. Os de recordações + gratas, não sei o nome: um qualquer perto da Rue du Bourg, em Lausanne, daqueles com jornais broadsheet presos em ripas de madeira e um outro, + conhecido, mas cujo nome me escapa, em Salzburg, junto à catedral, na praça, com 2 ou 3 graus negativos cá fora e um Natal entrevisto. Mas há tb o El Greco, de Roma, mais conhecido mas, por isso, com turistas a + . E, numa recente ida a Madrid lá calcorrei novamente o caminho para o Gijon, mas tb para o café de Belas Artes, esperando ninguém se deixe enganar pelo Café del Oriente, na praça do dito, bonito, mas sem charme, sem patine, fake, completamente fake.
Quanto à dita "bebida do diabo", compro em grão, no Nicola Gourmet, sempre o Colômbia Supremo e + outro que vai variando, do Moka Harrar (da Etiópia), ao Kona coffee, do Hawai, designado na loja, pudicamente, por café do Hawai. Uma vez ousei mesmo uma incursão no Jamaica Blue Mountain, que escalda por causa do preço (120 € o Kg). Mas, em casa, sempre no balão ou, quando só para mim, numa daquelas pequenas cafeteiras de metal de "ir ao lume". E com açucar de cristais, que dantes comprava no F&M de Piccadilly Street mas descobri episodicamente tb à venda no P. de Açucar das Amoreiras. E com chocolate preto, sff, 76% de cacau. Gulodice ou momento de indulgência e reconciliação com a vida?
JC
O Cidade Surpreendente é um prazer de visita,não é?
O Cidade surpreendente é um prazer. E o Porto está uma cidade bonita, muito mais organizada. Estive lá o fim de semana passado e veêm-se os esforços para tentar "disciplinar" o estacionamento, o trânsito, a mobilidade dos peões etc.
JC,
O meu café favorito é, de longe, o da Etiópia. Vão-me trazer um saco e se quiser envio-lhe um bocadinho por post aéreo.
:)
Qual? O Moka Harrar, Yirgacheffe ou + algum que a memória não retém? Sabe que outro dia até comprei café indiano (India Plantation, chama-se) que nem sequer sabia se, e que, existia. Agradeço o oferecimento, mas, a sério, fico mtº à espera das suas opiniões sobre. E, por favor, não o faça em formato "expresso" (both).
E vinhos? Quando falamos de vinhos???
All the best
JC
JC:
Vinhos? Ai está uma matéria em que sou ignor... conservadora. São sempre os mesmos e quando tenho dúvidas, aplico-lhe o critério que uso com caldos de galinha, compotas e farinhas: o mais caro melhor :)
Mas escreva que eu edito o texto.
Não sei qual o café (não percebo o rótulo) mas quando chegar o saco peço para traduzir :)
...ah! o Magestic!!!apesar de continuar lindo perdeu o carisma que tinha antes do restauro...agora a fauna é mais feita de turistas...antes era o pouso das aves raras da cidade do Porto!
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