quarta-feira, novembro 2

Experiência Calatrava II - a sequela

Sou uma criatura de ideias fixas e decididamente já não há nada a fazer. Há uns tempos já aqui tinha falado da alucinante experiência que é frequentar a Gare do Oriente. Alucinante é o mínimo que posso dizer. A fotografia lá em cima é gira, não é? Foi tirada do site da União Europeia, certamente co-financiadora deste gigantesco cadinho de gripes e constipações. O incauto que olhe para aquilo ficará certamente fascinado com a obra-prima de um grande arquitecto. Agora ponham esse incauto lá dentro, com chuva, frio, ruído, sem bancos para se sentar ou um café decente para se proteger. No piso superior é impossível estar porque o vento traz a chuva directinha para as nossas caras, casacos de camurça e sacos que nem sequer se podem pousar em cima dos raros bancos (dois ou três) ou do chão porque aquilo está tudo molhado. Temos portanto a única hipótese de estar no piso inferior. Esse felizmente não tem chuva, mas o vento traz-nos o frio de todos os lados directamente para a nossa cara ou para os casacos de camurça que não aquecem. Entretanto os utentes estão acotovelados na meia dúzia de bancos (modernos, certamente) que o arquitecto se dignou colocar á disposição do infeliz cidadão que olha para o visor das chegadas e partidas à espera da hora de se pirar dalí. Só quem não viaja de comboio é que não sabe que um beirão não sabe viajar sem muitos sacos. Quando digo muitos, digo grandes e pesados. Cabem lá as passas, os diospiros, as couves, as nozes, as batatas, a garrafa de azeite, as laranjas, as romãs, os biscoitos e os bolos de azeite. E as caixas de ovos, claro. Agora imaginem estes nossos concidadãos a descer as escadas rolantes com esta sacaria. Eu já pertenço à geração tupperware, objecto fundamental para o transporte de empadas, ovos verdes e pastéis de bacalhau e ainda hoje recordo com saudade as comezainas acabadinhas de chegar no comboio das sete. Bom, isto tudo a propósito de uma estação de comboios e porque também não sei como terminar o texto. Sempre se pode dizer que há posts para tudo. foto
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