sábado, outubro 29

"Em Portugal, ser patriota já só significa pendurar a bandeira na janela quando a selecção de futebol disputa um Campeonato da Europa e do Mundo, vibrar com os jogos e incensar os jogadores que dão pontapés na bola no campo e pontapés na gramática na televisão. Parafraseando Oscar Wilde, o futebol é o último refúgio do patriota.(...) Courtauld teve a ideia para o livro quando seguia de autocarro em Londres e, ao passar por Trafalgar Square, ouviu uma senhora de idade sentada ao pé de si chamar ao neto pequeno, que tinha um braço ao peito, "Meu pequeno lorde Nelson". O miúdo perguntou à avó quem era "esse lorde Nelson", ao que ela o elucidou "Foi um grande almirante". Resposta da criança: "Ah, como o da Enterprise!". Apesar de já ter obra publicada sobre o tema, o autor teve uma enorme dificuldade em ver o livro aceite por uma editora. Ora lhe diziam que não tinha viabilidade comercial, ora que o patriotismo e os heróis tinham passado de moda há muito tempo e que melhor era que escrevesse sobre "multiculturalismo" ou figuras "de relevância contemporânea". (...) Mas George Courtauld acabou por conseguir pôr a obra no mercado e, praticamente sem publicidade, The Pocket Book of Patriots 100 British Heroes está a vender-se como chocolate quente num Inverno rigoroso. Eu não duvido que um livro semelhante pudesse ter sucesso em Portugal. Só que ao estado a as que coisas chegaram, tinha que ter a fotografia de Mourinho ou de Figo na capa. " "O livro dos 100 patriotas", DN, Eurico de Barros
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