"Chronicas do Porto"
[Sobre a epoca lyrica no S.João]
"E eu , adivinhando tudo isto, lembro-me se a entrada gloriosa da musica, não será um motivo forte de desalento para o sexo barbado, que tem responsbilidades de família! Isto sugere-meo caso de certo brasileiro de Camillo, que se fez atheu, para não levar a mulher à missa, que inventou a gotta nos joanetes, para não calçar botas de vitella franceza, e que se declarou surdo para não ir ao theatro. Não desejo, porém, que o eterno feminino do Porto me chame barbaro; e sempre lhe direi que a primeira noite de opera em S. João todos os annos, é um verdadeiro mimo de graça, de belleza e de arte, de phantasia, de gosto e de seducção, tantas as mulheres bonitas que ali se dão "rendez-vous" e tanto a sala se ilumina da luz de um amoroso sonho."
Último parágrafo das ""Chronicas do Porto" , da autoria de João Grave, publicadas no Diário de Notícias de 21 de Novembro de 1904.
A primeira parte descreve a chegada do Inverno ao Porto, com as "casarias que se alinham em fileiras intermináveis, amadorradas n'um silencio pesado, commove e suggere dramas, violencias e enternecimentos lyricos".
Analisa os primeiros andares (opulência de scenarios com bronzes, veludos e cristais), os segundos pisos (onde vivem satisfeitas as familias burguesas para as quaes todo os problemas do universo se resumem a amontoar oiro). Nos "terceiros" refugiam-se os desalentados que olham a calçada com alma sedenta de ambição) e por cima, pelas trapeiras, são os angustiados de todas as misérias, os operários pobres que regressam do trabalho quando as claridades da tarde se afundam em treva, as costureiras, as ingenuas namoradeiras. (...)
Que ambição inexplicavel conduz o homem, o luctador para as cidades? (...)"
À falta de imaginação ou cabeça para escrever, achei que este excerto dava um post. É que no comando da televisão e no meu blog quem manda sou eu... e nem só das revistas nas bombas de gasolina vive uma mulher.....
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