Diário de uma gata enquanto blogger (13)
Eu devia contar o que sei, mas confesso que temo retaliações (a comidinha boa, o quentinho, estão a ver a cena, não?). Quem me conhece sabe que sou uma gata fácil, que aceita subornos em troca de festas no pelo branco. Os maduros tratam-me bem e gosto de fazer amigos; ainda há dias conquistei um simpático que se declarava anti-gateiro primário, e agora já somos compinchas (o meu silêncio é barato e vende-se no supermecado em latinhas gourmet) .
Há uns tempos houve uma cena chata e tive mesmo que desabafar, algo magoada, nas costas do sofá que ainda estava em bom estado. Afinal a culpada fui eu, que acho fixe passear por entre as mil e uma caixinhas existentes em toda a casa no geral e na cómoda em particular. No tempos livres curto fazer gincanas, pé ante pé, toureando a moldura e a jarra, em voos rasantes sobre os guarda-jóias. É certo que as aventuras nem sempre correm bem e de vez em quando, pumba, lá temos alguns sinistros com os destroços espalhados sobre o chão, mas aquilo foi chato; doeu, pronto.
A história conta-se depressa: uma gaveta aberta, um apetite de malhinhas finas e douradas, aqueles fios tão bons de puxar, um brinquedo novo ao alcance das minhas patinhas. A patroa vê aquilo e não gosta do que vê, ou seja, uma gata de pelo branco mergulhada na gaveta e zás, uma caixa de lorenine contra o meu garboso cachaço. Não gostei, pois então, que sou uma bicha sensível. Três dias a fazer beicinho sem a demover, ela zangada comigo, eu a transferir a minha mágoa para as cadeiras da sala, mas já nos entendemos. A má notícia é que os lorenines ainda lá estão; a boa notícia é que não precisa deles.
1 Comments:
Estimada vizinha,
"Se eu soubesse, escrevia assim "
Está ver que o faz ? então...
Melhores cumprimentos a todos em casa e (muito) Feliz Natal,
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