quinta-feira, fevereiro 3

Em pontas

Em pontas vamos pegando nas palavras: o que devíamos ter dito e calámos e o que falamos quando a prudência  aconselharia o silêncio. Resguardamo-nos no segredo quando  a vontade era usar as palavras todas que gostam de ser usadas; outras vezes "conserto a palavra com todos os sentidos em silêncio"*  à espera de vez de serem proferidas ou segredadas, na esperança de que tomem forma um dia, que ganhem vida, que saiam de uma vez.
Porque "há palavras que nos beijam como se tivessem boca", "Palavras nuas que beijas quando a noite perde o rosto;"** são sempre ciclos incompletos de silêncios e excessos, mas raramente certas para o momento que desejamos ser o certo. No final, a pergunta é sempre a mesma: "Que fizeste das palavras?"***

**Alexandre O'Neill, in 'No Reino da Dinamarca'
***Eugénio de Andrade  in "Que fizeste das palavras?
Daniel Faria, in "Homens que São como Lugares Mal Situados"

1 Comments:

Blogger Paulo Cunha Porto said...

E há palavras que nos torturam, instilando a insónia, como que nos recriminando por lhes não encontrarmos o uso, ao menos o uso certo. Também é amor delas, embora, por vezes, amor-ódio.
Querida Isabel, voltei, em
jovensdorestelo.blogspot.com

Beijinho

8:26 da manhã  

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