quinta-feira, julho 1

Chuteiras em Áfica, tempestade no ar

Já lá vão dois dias, e ainda mexem. Ainda os ouço, aos comentadores das estratégias, das tácticas e das conjunturas, ora culpando um ou outro, ora acusando A ou B (ou ambos), escutam-se peritos, adeptos (e fanáticos) circulam piadas, videos, fotografias, anunciando catástrofes e fins de mundo em calções de meia perna. Enfim, ama-se a nação por umas horas, com berraria, cachecol e cerveja, para depois se abandonar a lata onde calha, que isto de ser português também tem a sua técnica.
Não sei bem porquê, mas quando os ouço, recordo-me das correcções dos testes fora do liceu, das comparações das respostas, alegrias com pautas ou decepções na interpretação falhada. Procurava-se a unanimidade dos resultados, um facto bem esclarecido ou um contexto bem enquadrado. Ou então não, e a justificação custava que só Deus sabe, por vezes acompanhada por algum castigo ou admoestação ligeira, mas ninguém se livrava de palavras pouco meigas e promessas de retaliação que sabíamos não ser verdadeiras, mas aquilo custava ouvir, mais não fosse pela desilusão.
Mas fizemo-nos mulheres e homens, fomos sabendo dar conta do recado e fizemos pela vida com mais ou menor "sucesso", que nem sempre a sorte bate à porta de todos.
Voltando à mesa do café ou ao banco da avenida depois de testes ou exames, procuravam-se os especialistas, ou seja, os melhores naquilo, e discutiam-se opções, resultados de equações, números certos e expressões correctas. Andavamos naquilo um bocado (nem todos), até que os satisfeitos iam correr para casa e os angustiados empatavam por um pouco de coragem.
Claro está que ainda havia outro round, mais sério e definitivo com adultos sabedores: os felizes arrumavam os livros e os desiludidos ainda os iriam abrir de novo. Pouca sorte com as perguntas, ora sabia-se tudo na ponta da língua e era azar, ou a matéria que tinha ficado por estudar, era certo e sabido que tinha ficado por responder.
Também havia a conjuntura (um acontecimento infeliz), a falta de treino (estudo), a desconcentração (um namorico novo), perguntas manhosas (rasteiras), classificações injustas (um canto mal assinalado) e até lesões (dias difíceis ou doença recente).
Mas no final (melhor ou pior), a coisa ficava por ali, que havia mais que fazer, muito que aprender e vida para viver. Estes na televisão, pelo contrário, não se calam. Desconfio que andam nisto até à 2ª chamada.
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