sexta-feira, abril 23

Diário de uma gata enquanto blogger (4)

Cá estou de novo. A patroa anda sem muita imaginação e decidi dar aqui um saltinho (agora de unhas aparadas) para dar conta da minha vida de gata blogoesférica. A bem dizer, tenho dado umas voltas entre posts de autores variados (alguns a atirar-se como gatos a bofes) e até nem desdouro.
Como vêem, tenho uma boa vida e ganhei uma nova amiga. À excepção daquela vez em que ela tentou meter-me numa caixa, não temos tido problemas. Para compensar as arranhadelas que lhe causei e as meias que lhe tenho estragado (estava em negação, como devem compreender), acedi a voltar a entrar na mala muito catita que me arranjaram e lá fomos as duas a uma veterinária amorosa que me tirou sangue para análises, aparou as unhas, viu-me os dentes, o pêlo, e por fim concluir que eu era saudável, se bem que a minha idade constitua uma incógnita, mas uma senhora não anda por aí a dizer quantos anos tem. Julgo que tenho que lá voltar por causa desses bichos nefastos que só dão maçadas (vulgo parasitas e pulgas) e envergonham a classe. Não julguem que nós não temos o nosso brio: um pêlo limpo e asseado faz toda a diferença entre nós e causa verdadeiras clivagens sociais entre os gatos finos de upstairs e os rafeiros de downstairs.
Quase se comoveu a minha patroa quando a menina veterinária lhe contou alguns pormenores do meu passado (que tenho ocultado) agitado de gato de rua, apontando para a cicatriz que tenho junto ao sobrolho e para o canino partido que felizmente não me impede de comer. Elas nem sabem o que se passa outside, nas ruas infestadas de bicharada cruel e gananciosa capaz de tudo para pôr o dente num pedaço de comida, verdadeiros monopolistas dos escassos abrigos da chuva e do vento.
Tive sorte por ter encontrada aquele parapeito na janela daquela familia simpática. Ou teria sido aquele parapeito que me encontrou a mim, tenho pensado nisso enquanto salto de móvel em móvel ou me aconchego no sofá junto aos braços da minha patroa, enquanto fumamos um cigarrito e lemos umas coisas. Temos os nossos problemas, é certo, mas em bom tempo a livrei daquela flor com elástico e da pashmina de má fama.
E agora retiro-me. Um salto de corça para o sofá, que fiquei exausta.

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Miss
Execelente.... cada vez melhor... devia escrever um livro.

T e J

10:07 da tarde  

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