quarta-feira, março 17

Viver na cidade, cansa

Seguro a porta do elevador, fecho o portão indiferente a quem se aproxima, dou passagem, entro primeiro, entro em último, finjo que não vejo, sorrio, não sorrio, agradeço, dou a salvação, tenho tempo (empato), estou atrasada (corro), faz favor, obrigada, tantas decisões a tomar em poucos segundo e que podem destruir a reputação de um condómino (malcriad@) ou da directora da empresa do 8º piso (uma manienta).
Bem sei que já deveria conhecer de gingeira estes protocolos civilizacionais, boas práticas de uma vida comunitária, mas na hora da verdade perante um elevador ou uma porta de serviço, mil e uma dúvidas me atormentam, correndo o risco de ser considerada um fiasco de urbanidade.
Em bom rigor, as coisas hão-de resolver-se por si e acabo sempre penitenciada ou absolvida de alguma eventual infracção: o vizinho não agradece se seguro a porta, a directora do 8ª piso não dá pela minha presença e o elevador arranca mesmo à minha frente. Restam sempre os idosos, sensibilizados pela atenção alheia e fisicamente incapacitados para contra-relógios de portas super-sónicas.
Vai-se vivendo assim, conforme nos dá na telha ou levados pelo bom senso, mas é uma canseira e nem sempre resulta.
Já agora (pode ser que alguém saiba), a que distância mínima de Lisboa (em quilómetros) se deve nascer para não ser considerado provincian@?

2 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Cara Vizinha,

Desengane-se: A maioria daqueles que a rodeiam não são alfacinhas natos e não têm a coragem de assumir as suas origens: Prefiro mil vezes um assumido provinciano - se possível com sotaque! - a estes meias tintas que se dizem de Lisboa mas que depois descobrimos que vieram para cá estudar/trabalhar e renegaram as suas origens.

Respeitosos cumprimentos de um amigo da família do 6ºL,

1:53 da tarde  
Anonymous blita said...

Em berço real num país ñ republicano: talvez te desculpem...

6:49 da tarde  

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