O que se ouve
Acho bem que se reclame. Aliás, como reclamadora persistente, acho que em Portugal se reinvindica muito e se reclama pouco. Mas alto lá. É conveniente saber reclamar e agir assisadamente.
Há dias, numa oficina fora de Lisboa, após uma longa fila de espera pelos serviços de gente mágica que sabe ver o nível do óleo, medir a pressão dos pneus e ajeitar o esguicho de água, consegui ser atendida mesmo em cima da hora de almoço do diligente funcionário.
Sentados a um canto da oficina, dois colegas trincavam qualquer coisa, quando chega uma senhora com idade para uma conversa mais sensata: que aquilo era tudo publicidade enganosa, que afinal fechavam para almoço, que os Inspectores (esses mesmos) deviam ir ali investigar, um sem fim de reclamações porque não tinha ali à mão, sem esperar, quem verificasse um qualquer problema na sua querida viatura.
O mais certo é a senhora nunca se ter ralado com a falta de iluminação na rua, no carro abandonado à sua porta, com a porcaria dos cães ou de carros no passeio do lar de terceira idade. Os outros que se amanhem, que o problema não é dela, reclamar para quê. Importante mesmo é o carruncho reparado no momento, senão ainda chama quem nós sabemos.
Se já estava incomodada por ser atendida em cima da hora de repouso do mecânico (apesar de ter esperado mais que uma hora), mais incomodada fiquei com tanto injusto arrozoado.
Não conheço a publicidade da empresa, mas só posso dizer bem de quem faz o seu trabalho com competência, sem conversa reprovadora nem perguntas difíceis (do tipo que marca de óleo usa). Bom mesmo seria o cavalheiro sugerir que a cliente fosse dar uma volta ao bilhar grande. Devagarinho, por causa dos travões.
2 Comments:
Cara Miss Pearls
Eu sei que as senhoras têm um certo horror a questões técnicas, mas se perdesse uma meia-hora a ler o livro de instruções do seu automóvel veria que não necessitaria de ser mal-tratada por esses marmanjões, por um motivo tão fútil como Ver o nível de óleo ou a pressão dos pneus.
Bem sei Luis. bem sei.
Mas não me apetece aprender. parece estranho, mas não é? Sabe, eu não tenho que aprender isso para sobreviver. Vivo bem sem saber mudar um pneu, ver a pressão ou o oleo.
E depois, nunca mais me esqueço de uma tarde, das mais quentes de que tenho memória, o meu carro parou a caminho de Mérida para ver o teatro clássico: eu tinha afogado o carro de tanto oleo. Palavras de um simpático motorista espanhol e eu acreditei :)
Depois , deixei-me disso.
Compro o silêncio dos mecânicos com boas gorjetas e tem resultado.
:)
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