Moedas de troco
"Não tem mais pequeno?" É o eterno problema dos trocos. Provavelmente é aborrecido para os comerciantes fazer o troco de uma nota de cinco euros para pagar o café, mas não conheço ninguém que, tendo moedas de um ou dois euros, as não entregue para pagamento. De facto, quem gostará de andar com o porta-moedas atafulhado de moedas tendo a possibilidade de as evitar?
Se bem se lembram, houve um tempo que as moedas davam muito jeito. Para as cabines telefónicas públicas, recordam-se? Um desespero, quando as máquinas se punham a engolir moedas e nem uma palavra se podia trocar. Mas o tempo das cabines de rua e das vermelhas já lá vai, e agora os cartões servem para pagar quase tudo.
É nesse "quase tudo" que reside o problema. Positivamente deixei de frequentar uma pastelaria, aliás com enorme clientela, porque me irritava a pergunta da ordem sempre que por lá tomava um café e, por um acaso, só dispunha mesmo de uma nota : "Não tem mais pequeno?" Era certinho como a morte. Por fim, cheguei a adiantar-me à empregada e respondia que não, não tinha mais pequeno. Ela não achava graça nenhuma e, como castigo, despejava inúmeras moedas de dois e cinco cêntimos em cima da balcão: "Vou ter que lhe dar os trocos assim".
Depois, há os mais gentis, que usam delicadamente o verbo facilitar: Tem cinco cêntimos ou um euro para facilitar o troco? Só não facilito quando de todo não posso. Perante um trabalho daqueles, sinto-me sempre uma mulher com sorte por estar do outro lado da caixa registadora, e só por isso merece todo o meu respeito.
Mas a situação pode piorar e só a experiência, ou melhor, más experiências, nos ensinam a evitar uma boa irritação. Falo dos taxistas e das notas de vinte euros.
2 Comments:
Recentemente, cara Isabel Gorjão, um taxista preferiu fazer-me a corrida de borla a ser pago com uma nota de vinte euros.
Não sei qual a ilação, ou se há uma. Deve haver.
Ora aí está uma coisa que realmente irrita bastante, mas que já sei contornar: quando se entrega a nota diz-se com o ar mais constrangido que for possível:Peço imensa desculpa de ser assim, mas não tenho mais pequeno. Remédio santo: acabam sempre por nos pedir desculpa por nos encherem a carteira de moedas
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