Turista nada acidental
É possível que lá fora, no estrangeiro, seja uma turista como todos os outros com quem me cruzo. Bem...todos não. Estão já à partida excluídos os transeuntes de sandálias de pele, daquelas às tiras, que também se compram nas lojas de artigos desportivos. Suponho que sejam para caminhantes ou para longas caminhadas. A julgar pela enorme quantidade de adeptos, aposto que são confortáveis, estilo todo o terreno. Mas feias, muito feias. Com meias ou com os dedos de fora. Confortáveis decerto, mas muito feias. Confesso que já tenho penado por essas calçadas do norte e do centro da Europa. Algumas vezes por vaidade, outras por indesculpável incompetência, mas nunca de sandálias às tiras, de pele, com meias ou com os dedos à mostra.
Olho para os turistas encalorados, hoje em dia já sem aquela aparelhagem fotográfica imensa ao pescoço, substituída que foi por minúsculas máquinas multi-funções, quanto mais pequenas mais caras. Protegidos por chapéus, bonés e outros artefactos que os abrigam do nosso sol, roupas ligeiras ou mesmo demasiado ligeiras, não posso deixar de me surpreender com aquelas criaturas que, em satisfeito anonimato, percorrem as nossas ruas, lado a lado com indígenas encasacados e estou, claro, a falar também de mim.
Invejo-lhes o prazer do pastel de nata comido com gosto no passeio, uma novidade, o doce típico da viagem, em nada diferente de uma turista portuguesa em frente a uma deliciosa e elegante pastelaria austríaca. Ou melhor, a turista é a mesma, a diferença é a encantadora e requintada pastelaria, de montra decorada com elegância e gosto.
E lá vão os nossos turistas, fotografando os lençóis estendidos em travessas estreitas da grande avenida, de óculos escuros, em mangas de camisa ou alças finas, sacolas a tiracolo ou com volumes enormes em forma de cinto afivelados à cintura.
Não páram nas lojas de luxo que ladeiam a avenida, onde falta o brilho de uma calçada bem arranjada. Eu páro e fico a olhar, mas não sou turista, tenho mais tempo. Eles páram em frente a montras de toalhas bordadas, cerâmicas, azulejos decorativos e cestos de palha coloridos. Eu já não páro. Chega-me o Rossio pisa-papéis, daqueles em bolas de vidro que se agitam e aparece neve.
Mais abaixo, lá nos encontramos de novo, entre cervejas, risos, fotografias e queijadas. Com tempo para dispender não veêm, como eu, as horas certas no relógio do Arco.
5 Comments:
Carissima Vizinha,
Ja viu o artigo sobre as Havaianas da Margarida Marques no SushiLeblon ?
Melhores cumprimentos,
Cara Miss Pearls
Que saudades de um texto seu como este !!!
Parabéns
TiliaseBuganvilias
quando a menina falar de "sandálias às tiras", mais respeitinho por favor: diga Birkenstock, que não é uma mera sandália: é uma lenda!
http://www.birkenstock.com/index_kl24.php
Bloom:
Não são essas! :)
Essa marca até tem modelos bem giros!
ouf... está perdoada!
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