Criadores
Como foram criadas as grandes obras pelos grandes criadores? Proust, por exemplo, "precisava de silêncio absoluto e mandou forrar as paredes de sua casa com cortiça, Dickens necessitava de espelhos para fazer trejeitos e imitar os seus personagens, Walt Disney precisava de lavar as mãos, por vezes trinta vezes numa hora", Wagner exigia total escuridão e silêncio absoluto.
Para além dos 17 criadores apresentados por Paul Johnson no livro "Criadores", como Shakespeare (a personalidade mais criativa da história da humanidade), Bach, Turner, Jane Austen, Pugin, Victor Hugo, Mark Twain, Tiffany, T.S. Eliot, Dior, Picasso e Walt Disney, o autor fala-nos de outras "formas de criação nem sempre tão óbvias". São essas formas de criatividade, tantas vezes anónimas, como a criação de um belo jardim, a capacidade de fazer as pessoas rir (um dos mais valiosos consolos humanos), o agricultor, o sapateiro, o cobrador de bilhetes de autocarros, um varredor de ruas, a capacidade de inventar uma nova piada, do génio criador da primeira pirâmide do Egipto, o sábio Imhotep, dos construtores de panteões, mausoléus, a Abadia de Westminster, o Cemitério de Arlington, o Escorial, os Invalides, onde também se encontram os restos mortais de grandes criadores da História da Humanidade.
E se muitos dessses criadores deixaram uma fortuna considerável, como Luca Giordano e Picasso, muitos houve que viveram e morreram na pobreza deixando a família na penúria , como Vermeer, Bach e a irmã de Mozart. Outros, como Beethoven e Dylan Thomas perdiam um tempo precioso e desperdiçavam energias a escrever cartas a suplicar ajuda.
Já o caso de Baudelaire e Wagner era diferente. Ambos escreviam cartas deseperadas a pedir dinheiro, sendo que o músico necessitava sempre de muito, tal era o luxo que consumia e as extravagâncias que ostentava, usando muitas vezes a imagem da mulher para o obter, e nunca eram uns trocos: "Precisava de luxo à sua volta, nas suas salas, no ar que respirava, na comida que ingeria, nas roupas que usava". Paul Johnson descreve-o como "egoísta, interesseiro, ingrato e indelicado numa dimensão pouco habitual, e não existe nada edificante na sua vida e carreira, excepto o seu trabalho criativo" .
A muitos criadores são-lhes reconhecidos prémios Nobel, honrarias e títulos e houve mesmo casos em que faziam gala da sua ostentação, como Ibsen, que costumava exibir as suas inúmeras condecorações publicamente, mesmo em restaurantes.
Sobre o acto de criar, o autor descreve-nos o frenesim de Dickens enquanto escrevia o Copperfield, os "acessos de escrita" de Balzac e o trabalho tão veloz quanto maravilhoso de Mozart. O caso mais pertubador talvez seja o de Caravaggio, que produziu vinte e duas grandes obras de artes enquanto fugia de um local para o outro, procurado por um assassinato e por uma grande variedade de delitos.
Muitos dos grandes criadores enfrentaram problemas graves de saúde, como Beethoven e a sua surdez, Mary Cassat praticamente cega, Toulouse-Lautrec com as suas deficiências congénitas dolorosas, Robert Louis Stevenson e os seus pulmõs fracos, sendo necessária muita coragem para continuar a produzir. A mesma coragem teve Emily Dickinson, que silenciosamente escreveu as suas obras sem qualquer tipo de encorajamento e orientação.
Ler este livro é um pouco como espreitar, em silêncio, à porta dos grandes criadores da Humanidade.
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