Flea market
Este é um post de flea market: em segunda mão e requentado, sem por isso deixar de estar actual. Como se pode ver, voltou a estar na moda aqui no meu blog. Porque quanto ao resto, cá estão ainda os papéis, alguns dos mesmos e outros. A patine fica-lhes bem.
Olhar à volta da secretária ou da mesa. Abrir duas ou três gavetas e retirar, com esforço, uma pasta da estante. Tornar a colocá-la no lugar. Com hesitação, dar uma vista de olhos a um armário. Ou talvez a dois. Observar o conteúdo fingindo surpresa: IRS de 1990, contas electricidade 1998, dossier formação 1999, exames médicos 1993, instruções do aparelho de video, da máquina lavar já desaparecida, do aquecimentos a óleo, fotocópias Faculdade, recibos condomínio 1997, cadernos com contéudo desconhecido, mapas desactualizados, papéis que magoam, que fazem sorrir, muitos papéis inúteis, envelopes, pastas amareladas, arquivos amadores a duas mãos, caóticos a quatro mãos, recortes já amarelados por motivos insondáveis, revistas sem lugar na memória, etc. Enfim, um mundo de inutilidades ao alcance dos olhos e que as mãos tardam em fazer desaparcer.
Não é uma vida, mas uma boa parte dela, distribuída e devidamente arquivada onde haja um canto que julguemos condigno para a acomodar. Tudo irremediavelmente imprescindível, necessário, à espera da oportunidade que nunca chega. Em suma, um reduto de preguiça, falta de motivação, disponibilidade adiada, sentença com culpa formada com mil e um recursos. Por outras palavras, lixo. Que há-de, de novo, voltar a nascer, o que é bom sinal.
Não é uma vida, mas uma boa parte dela, distribuída e devidamente arquivada onde haja um canto que julguemos condigno para a acomodar. Tudo irremediavelmente imprescindível, necessário, à espera da oportunidade que nunca chega. Em suma, um reduto de preguiça, falta de motivação, disponibilidade adiada, sentença com culpa formada com mil e um recursos. Por outras palavras, lixo. Que há-de, de novo, voltar a nascer, o que é bom sinal.
Texto já editado (imagem daqui)
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