A outra região oeste
Para as populações junto à Ribeira dos Milagres (partindo do princípio de que alguém por lá consegue viver) o ano termina da mesma forma como começou: mal cheiroso. Este fenómeno das descargas, isto é, carradas de porcaria (literalmente) despejadas numa ribeira a céu aberto acontece com tanta regularidade que ainda me espanta que continue a ser notícia. Segundo um representante de uma associação ambientalista local " só estranha que esta tenha acontecido “num dia como o de hoje, em que está um sol maravilhoso”. “Normalmente as suiniculturas quando despejam na ribeira é quando está a chover ou há nuvens escuras. Como não tem chovido e têm os tanques cheios, despejam a porcaria na mesma e hoje foi em grande quantidade". Pelos vistos, faça sol ou faça chuva, agora todos os dias são bons para descargas, criando um cenário ainda mais negro, à semelhança do estado da água depois de uns bons despejos. Está assim instalado um clima de confiança favorável aos infractores, apesar das queixas apresentado à GNR (que actua como polícia do ambiente) pelo menos uma vez por semana.
Na Ribeira dos Milagres, fora dos cartazes do progresso e da modernidade, cumpre-se a secular inevitabilidade à boa maneira nacional, feita da espuma branca dos dias das descargas e de água negra onde, por ironia do nome, não há multiplicação dos peixes.
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