sexta-feira, novembro 9

Um lugar doce

Não se pode ceder, mas como é fácil o embalo da descida. O confronto com a morte perto de nós, por tantos lados, uma tristeza imensa que nos leva ao colo, nos transporta para outros tempos, tudo tão próximo. Tanta desgraça. O carreiro é cómodo de descer, é fácil deixar-se ir, o torvelinho enreda e desenreda*, o embalo é suave e complacente. São mil e uma razões, por isto, por aquilo, verdades, motivos, tristezas, penas, custos, o passado, o presente, o futuro e a cabeça que ganha a vida do corpo que se vai ajeitando a ceder.
Estranho como um blog pode parecer um lugar doce.
*Vénus de Camilo Pessanha
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