Sem arte nem romance

Chama-se "The art of travel", a campanha publicitária da marca Louis Vuitton para malas, sacos e tudo o que tenha a ver com viagens, ou melhor, com "a arte de viajar". Além de Agassi e Gorbatchov, surge uma Deneuve sofisticada, sentada sobre uma enorme mala Louis Vuitton em Austerlitz, em frente a um comboio a vapor. Mas este não é um post sobre publicidade. Fazer e desfazer malas, devem ser coisas de romance e arte para quem pode. A Deneuve, lucky girl, já não se deve recordar do que é escolher e arrumar as coisas certas em espaços apertados e, no regresso, voltar a colocar tudo de novo nos seus lugares. Não falo sequer em carregar os lindos sacos em que está sentada, transtorno garantido somente para o comums dos mortais. Olho sem vontade para uma mala ainda com despojos de viagem e logo surgem mil e uma coisas urgentes, as delícias do lar, o frigorífico vazio, as plantas sem água, a escrita em dia, os relatos, as novidades, as notícias e até o desejo irreprimível de escrever um post, imagine-se. A mala pode esperar.

Percebo o que pretendem transmitir, mas ao contrário do que refere a campanha, "home" é mais do que um feeling. São gavetas por arrumar, necessaires por despejar, roupa por lavar, sapatos por limpar, papéis para ler, regressos saudosos, a vontade de partir de novo ou o desejo de nunca ter partido.

Está linda a Deneuve lá em cima, cheia de charme e sem aspecto amarrotado. Coisas de filmes.