terça-feira, outubro 2

"Comédias na praça"

Lá pelos meus lados de férias, andou há cerca de três anos um pequeno circo ao ar livre, em local hoje transformado em espaço verde para as crianças. Um largo com cadeiras, uma lona com letras e bicharocos pintados a servir de pano de fundo, 4 entertainers, uma máquina de pipocas e estava o espectáculo montado. Confesso porém que não costumava ver todo o espectáculo, pois aquilo era coisa para quase três horas sem direito a vistas condignas.
O rapaz equilibrista de pratos também era o equilibrista de pés e o palhaço era também ajudante do mágico. A menina da levitação era ao mesmo tempo apresentadora, fotógrafa, vendedora de pipocas e partenaire nos números mais arriscados. O mágico devia ser o empresário, tratador da bicharada e encarregado do business das rifas. Mas para mim, a artista principal era a pequena Flávia, creio que era esse o nome.
O momento alto do espectáculo, antes do fantástico palhaço bananinha (se cais para o chão partes o focinho) era a exibição de "perigosas" giboias e outros enormes rastejantes bebés. Aliás já eram bebés há quatro anos, altura em que o espectáculo começou no largo junto aos cafés. Como ia dizendo, era a pequena Flávia quem tinha o arriscado número de pendurar esses bichos horrendos ao pescoço e fazer-lhe festinhas.
Os adultos achavamos aquilo repelente e nojento, a criançada achava tudo maravilhoso. Mas o mais fantástico acontecia quando o manager anunciava que também elas podem fazer festas aos bichos! Blarghhh.! Impedidos de fugir para longe, os adultos não tinham outro remédio senão controlar a criançada que se atropelava para tocar naquelas coisas viscosas (ela que não se esquecesse de lavar as mãos quando chegasse a casa).
No final, era o momento das fotografias com o preço a variar consoante o tamanho do bicho: uma fotografia com a giboia mais pequena ao pescoço era mais barato do que com a cobra gigante. Estava certo.
No dia seguinte havia mais espectáculo com a pequena Flávia e suas giboias "venenosas" e lá estávamos de novo, com frio ou sem frio. Confesso que eu era mais adepta do palhaço bananinha (se cais para o chão partes o focinho), não sei se pela minha figura ali tantas noites se pela figura dele. Eram risos em tempos de férias.
(Em especial para a minha família e amigos dessas noites que vão passando por aqui.)

3 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Obrigada!

10:05 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Bela invocação Isabel,ainda me lembro lá nas minhas beiras,quando o circo chegava à vila(hoje cidade),quando tinhamos de poupar uns tostões para ir ver o circo,ou por exemplo quando faltavamos à escola só para ir ver "as terriveis feras" anunciadas em grandes cartazes ou em carros com altifalantes gigantescos e a cair de podres.Que saudades minha cara,aonde será que estará essa magia perdida da inocência da idade?
Vou para dentro!Tenho uma lágrima ao canto do olho,e é feio(não acredito nada)um homem da minha idade chorar,ainda para mais num blog de uma senhora.

Cumprimentos carissíma.

ergela

11:05 da manhã  
Blogger JC said...

A minha ofidiofobia agradeçe não ter "postado" a fotografia das ditas jibóias.
JC

11:21 da manhã  

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