Chá? Pois...

Quem a conhece já lhe conhece os gostos, os desgostos e a pequena falta no gosto. Por isso, não há lanche ou prendinha de Natal que tenha chá em chávena ou em pacote engalanado. É fácil de compreender, difícil de justificar e acima de tudo uma grande falta de chá, mas não consigo deixar de sorrir quando a vejo de chávena na mão disfarçando como pode. Bem sei que tenta tudo, o leite, o limão ou (muita) água e entre aquilo e óleo de fígado de bacalhau, disse-me preferir a mistela mal cheirosa. "Tem fama de boa vitamina", argumenta convicta. Voltando atrás, tudo tem uma explicação. Longa, chata, pouco interessante e do conhecimento de uns poucos mais íntimos. Diz ela que o chá de camomila lhe recorda uma malvada gripe, o chá de limão dores várias, a tília uma convalescença no hospital, chá preto noitadas de estudo, misturas afrutadas um disparate e que o chá verde lhe lembra a sogra. Tudo justificações um pouco bizarras como poderão constatar e de uma enorme falta de chá em situações em que sobretudo se exige muito chá e posso garantir que chá não lhe falta.

Um dia se virem alguém disfarçar o chá com doses excessivas de leite, limão ou que houver à mão, pode ser ela. E ofereçam-lhe uma limonada que a criatura nunca fez mal a ninguém.