Do que é feito um blog

Nunca sei muito bem como começar os posts: hesito, apago, recomeço, altero, volto a apagar, e começo de novo. Mas o que me falta em talento sobra-me em perseverança. E agora até tenho um prémio só para mim. A vida tem que se lhe diga. Eu, que criei um blog para conforto da saudade dos meus pais que a estrada levou sem glória, para fugir à descida sem amparo, que guardo a minha intimidade em drafts, que omito amores e desamores, que escolho as palavras que me ensinaram a usar, que recuso o que não tinha por costume ouvir, que ponho no blog a herança do meu passado, que mantenho o silêncio da minha privacidade, que guardo com pudor a tristeza, que não arremesso o blog contra ninguém, que não o uso para me atirar a ninguém, eu que crio histórias, que recrio situações, que iludo a realidade com a ficção, que conservo em palavras a minha memória, eu ganhei um prémio. Inteirinho só para mim.

Obrigada.

Há um velho ditado que diz “colhe fama e põe-te a dormir”. É tarde. Até amanhã.