Abrir as portas
Poucos são o que abrem as portas. Cada vez são menos os que deixam entrar, entricheirados na harmonia e na felicidade que julgam eternas. Cada vez menos os que dão as boas-vindas a corações apertados ou deixam espreitar os cheiros do passado. Nada mais perturbador do que aromas ou odores que estão lá no fundo, que a gente deixou de sentir e que sabemos não voltar a encontrar: os cozinhados do Natal, o cheiro numa sala, o aroma de umas mãos ou o perfume num casaco. Estão lá as lembranças que de tempos a tempos se libertam do passado, nos apanham de surpresa e nos puxam lá para o fundo das lembranças. Poucos são os que abrem as portas para partilharem tristezas presas nos olhos de quem entra. São esses poucos, muito poucos, que abrem a porta todo o ano e também no Natal. Ou só porque é Natal.
À tia C, tios-avós C. e J., tio L., B. e Carminho.
Obrigada
13 Comments:
Não gosto de "amor a prazo". O Natal é, para a maioria das pessoas, a oportunidade única de falar de amor. Tenho pena.
Miss Pearls,
Aproveito este seu "Abrir as portas", muito bonito, para lhe desejar si e a todos os que quer bem, o melhor Natal do mundo.
Boas Festas!
:)
Cada vez mais as portas se abrem menos, não sei se com receio dos outros se com medo de nós.
LB
http://outrasnotas.blogspot.com/
Obrigada Ariel
Este post é dedicado a uma familia amiga que esteve sempre connosco.
Vamos, por mera hipótese, supor que o post era abstracto.
As pessoas fecharem-se em casa tem também, acho eu, muito que ver com a «malandragem» que por aí abunda.
Por exemplo, eu apresso o passo quando alguém na rua me aborda, escaldado que estou por inquéritos, vendas, histórias mirabolantes.
Obrigada, mas o post não é de todo abstracto.
(Abstracto no sentido de não ser dedicado).
Minha querida há muito que não abrem as portas porque ninguém lhes "ensinou".
Obrigada Baducha.
Tens razão Ana. Só se aprende com o exemplo. E isso vem do nascimento.
MAs a maioria não quer sequer abrir a porta. Desde que estejam bem, que a vidinha esteja fixe, a mulher, os filhos, o carro, a casa, as férias, o poderzinho,... até ao dia. Por todo o lado vejo um egoísmo e individualismos quase obscenos. Se me choca? Não. Eles e elas há muito que tomaram conta disto, como disse há tempos um conhecido meu.
Aliás, todos com imenso "sucesso". Olha à tua volta.
Beijinhos!
Boas festas!
Beijinhos aos três Rui.
Feliz Natal
Abrir as portas: essencialente do coração.
Já foi normal no nosso país: sorrir, dar os bons dias, ajudar quem necessite. O português, talvez por defesa, tornou-se egoísta e pouco solidário.É pena e triste. Natal pode ser um olhar.
Belita,
este post é, em 1º lugar, para ti e para os teus pais.
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