quinta-feira, outubro 26

Mercedes e José (final)

Oriol Domènec segura com as duas mãos um caderninho envelhecido, como quem pega numa preciosidade. No seu interior, há folhas e folhas com letras desenhadas. "M" e "O". De Mercedes e Oriol. "E" e "D". De Elizalde e Domènec. Página ante página ante página. Desenhar letras não era proibido no reformatório onde Mercedes viveu durante quase dois anos, já casada com Oriol, mas ainda menor (tinha 23 anos e a maioridade em Espanha só se atingia aos 25 anos).
O pai dela, Salvador Elizalde, depois de tudo fazer para separar a filha do jovem revolucionário catalão, tentou ainda um último recurso. Trancada primeiro num convento e depois numa instituição para prostitutas e mulheres sem rumo, Mercedes ocupava o tempo a desenhar as iniciais do seu nome, lado a lado com as iniciais do nome do seu grande amor. Era a proximidade que lhe restava.
Segunda e última parte de uma fantástica história de amor entre um homem corajoso e uma brava mulher. Usando as palavras de Oriol: "Sempre teve uma garra e um optimismo incríveis. Sempre foi brava. Uma brava mulher!"
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