Agenda em forma de post
A última prenda que a minha mãe me ofereceu, creio eu, foi uma Filofax linda, uma Lancel castanha. Algo contrafeita, dizia ela e com razão que tivesse cuidado com os pesos, com os sacos enormes que eu usava e que haviam de ser causa de terríveis dores nas costas. A verdade é que a agenda cresceu, desenvolveu-se, ganhou vida e assemelha-se agora a uma arrecadação de entulho ou melhor, a um depósito de pastas de arquivo, terrivelmente importante e imprescindível. Tretas, como sabem.
No início era o verbo, ou melhor, números de telefone, datas de aniversário, consultas médicas, e desenhos cabalísticos que se pareciam vagamente a selos do carro e a expressões indecífráveis, tão indecífráveis que fariam as delícias dos Dan Browns deste mundo. Tem obviamente assinalados os compromissos, mesmo aqueles que sei que não são para cumprir, pequenas impressões de pequenos eventos e de férias, mas com poucas excepções, julgo que seria capaz de reproduzir um ano inteiro.
Na era pré-telemóvel foi considerada uma agenda de sucesso, a que os amigos recorriam para saber esta ou aquela morada ou número de telefone. Os "lembretes" e os "contactos" quase tornaram o seu uso obsoleto, mas continua indispensável para guardar envelopes com contas e dezenas de papelinhos cuja utilidade ou importância só eu sei reconhecer, aliás muito semelhante a alguns posts.
Acho mesmo que por vezes este blog é semelhante à minha linda agenda castanha, mas sem sem o cheiro a carteira de mulher. É isso. Falta-lhe o cheiro a cigarros, perfume e a toda a tralha insondável que se acumula na carteira, mas igualmente com algums posts em draft.
Hoje é o Dia da minha Mãe na minha agenda e o espaço está em branco.
2 Comments:
Eu, é o do Pai... um beijinho.
Um beijinho e obrigada
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