Mind the gap
As minhas viagens de metro são duas curtinhas estações. Além dos estudantes, a maioria são pessoas como eu, que vão ou regressam do trabalho. Quando viajam aos pares é inevitável não ouvir as conversas, que são quase sempre as mesmas. Falam sobretudo dos empregos, do trabalho, ou lá o que é. O que sei dizer é que, na generalidade, se não gostam do que fazem, ainda gostam menos dos chefes. Os colegas, segundo ouço, são quase sempre pessoas desprezíveis, mal formadas, gananciosas, engraxadoras, incompetentes e falsas. Mas os chefes, valha-me Deus, aquilo deve ser tudo uma corja do piorio sempre prontos a tramar o próximo, de preferência o empregado mal pago e farto de tabalhar.
Quando ouço estas conversas lembro-me de uma cena do Minority Report, quando o Tom Cruise arrasta com ele a precog Agatha a uma casa de divertimentos virtuais para lhe retirar a informação que precisa. Logo no início da cena, junto ao proprietário da casa de diversões, (um hacker do paleolítico superior, do a.d. 2004) aparece um cliente meio alucinado que só quer uma coisa: "to kill the boss". Oferecem-lhe um sofisticado menú de sensações tórridas, prazeres luxuriantes e indizíveis, mas ele só grita de olhos esbugalhados "I want to kill my boss". Qual sexo, qual carapuça! O homem só quer vingança. Sangue. A sensação virtual do poder. Apertar o gasganete ao sacana que lhe faz a vida negra.
Esta comparação é um nadinha forçada, reconheço, mas a mim só me dá para dizer "lucky me".
Texto re-editado com alterações
2 Comments:
Pronto...confessa lá...eras tu que ias à minha frente no metro esta tarde:)
Olá
Só por acaso hoje não fui eu :) :)
mas só por acaso.
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