Maldita nicotina

Tinha prometido a mim mesma deixar de fumar quando o tabaco aumentasse. Guardo comigo um pequeno recorte de revista com a marca de um qualquer produto, em que a minha mãe escreveu: "Para deixar de fumar". Cada vez que abro a carteira vejo o papel e digo que há-de ser amanhã. Quando passo numa das avenidas de Lisboa vejo uma placa com "não fumo mais" e um número de telefone. Tudo sinais que servem para avivar a minha falta de disciplina, vontade e amor próprio. Sim, porque quem se estima obviamente não pega num cigarro. Que me lembre, já fiz duas cobardes tentativas para largar o vício. Hoje fui à farmácia informar-me sobre os produtos e constatei que material não falta: substitutos de nicotina em forma de cigarros, pensos e comprimidos. Ainda tive a ousadia de perguntar se não havia chás e xaropes. Pois, é que se houvesse em chá, eu teria comprado na altura, claro. O empregado não achou muita graça e deve ter pensado "olha outra sem vontade e a empatar a clientela". Nunca me posso esquecer de uma cena humillhante que se passou há cerca de dois anos no mini-aeroporto de Lubliana: um cubículo envidraçado, completamente enevoado e quatro palermas lá dentro na fumaça (só de me lembrar disto tenho que acender um cigarro). Recordo-me de ter pensado que tinha que acabar com estas figuras miseráveis. Infelizmente aquilo passou-me depressa. Toda a papelada que me deram tem a advertência de que se pode aumentar de peso. Se conseguir deixar de fumar, fico com pulmões melhores mas semelhante a letras large sem caber num post.