quarta-feira, janeiro 25

Fim de tarde (VII)

Por acaso, o fim de tarde estava bastante animado. Talvez pelo facto de o cocktail de champagne estar perfeito ou o gin ser de boa qualidade, o ambiente estava descontraído e as pessoas riam à vontade, sem sufocar o riso com a mão. Nestas festas fala-se de tudo, mas principalmente dos outros. Dos ausentes, claro. As conversas têm uma ligeireza humorada e irónica, que serve para falar do último filme ou de alguma curiosidade nacional. Mas estão ali exactamente por isso, para coisas complicadas já basta a vida. “Depois da meia-noite desfaz-se o feitiço e tornam-se abóboras novamente”, pensou a Sara, ao mesmo tempo que observava a chegada ao grupo de um novo conviva. Mais apresentações e mais um nome que iria esquecer. Era escusado. Quando não havia nada de particular ou especial, haveria de perguntar sempre “como se chamava aquela criatura que estava naquele sítio, tal e tal”. O recém chegado, coitado, estava decididamente fora de casting. Desatou a falar e aquilo era tudo boring,boring. A Sara preparava-se para se afastar quando a criatura a interpelou: - Não há coisa melhor do que ter todo o dia livre para ler, não achas? - Não. Por acaso eu não acho nada disso e o meu marido também não.

2 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Loira, claro.

1:29 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Esperta e gira, claro.
:)

12:20 da tarde  

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