Faianças
Leio com tristeza que a fábrica de louças da Secla fechou as portas devido a problemas financeiros, levando para o desemprego 250 pessoas.
Para além dos dramas pessoais destes funcionários que uma situação destas acarreta à vida de cada um, também a cidade das Caldas perde um dos seus símbolos, tanto pela qualidade como pela tradição que estas louças representaram para a olaria, durante meio século de produção das faianças mais variadas.
Quem se habituou durante anos às praias das redondezas, deve saber do que falo. Provavelmente devem ser poucas as casas onde não se encontrem canecas, saladeiras ou pratos fabricados nesta fábrica, mais não seja pelas rifas sorteadas em feiras, onde havia sempre uma destas peças talvez com um pequeno defeito.
Foram anos e anos de compras na loja aberta ao público, recordações de férias para a familia inteira, armários cheios de peças de feitios e cores diversas, que dantes olhava com um sorriso e um gracejo e que agora admiro com saudade.
Talvez por isso, foi com alguma surpresa que encontrei em lojas da especialidade, alguns dos modelos coloridos que durante tanto tempo mantiveram o seu habitat natural numa prateleira alta dos armários de cozinha. Chamam-lhe agora peças vintage e eu sem saber. Mas só eu conheço as suas histórias.
5 Comments:
se me permite...eu também conheço algumas. regadas a água-pé das Gaeiras...
;)
É uma pena que a Secla feche. Recordo a Fábrica da louça de Savavém numa reportagem com fotos magnificas numa revista dos finais da década de 80 principios de 90(talvez DN). Outro encerramento foi o da fábrica da Olaria de Alcobaça que as peças são hoje um apreciosidade. É um pouco de nós que vai morrendo, ficamos mais pobres em todos os sentidos!
Sou do Bombarral e estudei nas Caldas. Muitos colegas eram filhos de trabalhadores da Secla.
Que tristeza...
Lamentavelmente o nosso património vai desaparecendo mas quem ouve o Ministro Pinho fica desconfiado que estamos a falar de outro país.
Li este post com o sorriso saudoso de "quem passou férias nas praias das redondezas" (no Baleal, mais exactamente) e guarda as mesmas recordações da Secla. Era poiso obrigatório nas idas às Caldas, e trazia-se de lá, tal como diz, presentes para o Natal da família inteira. Ainda tenho peças da Secla na minha cozinha, depois de tantos anos sem lá ir.
Também me impressionou o fecho da fábrica, ainda mais porque se modernizou às tantas e se tornou mais competitiva internacionalmente.
Esta crise varre tudo...
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