domingo, maio 25

"Aqui, até os pedintes são exigentes e têm boca fina. Atirar menos de dois euros para o chapéu de um indigente é motivo suficiente para se ser corrido a insultos de fazer corar um sargento de Cavalaria. Um rapaz novo que costuma estar com um cão ao lado e a tocar guitarra ao pé das Galerias Lafayette mete notas de cinco e dez euros ao bolso no final do dia. No ano passado, um assessor de imprensa da BBC Films condoeu-se de um sem-abrigo que parecia andar a cair da boca dos gatos, e foi pagar-lhe uma sande e um copo num dos milhentos cantinhos para comer que existem em Cannes. O sujeito pediu a sande mais cara e elaborada da ementa, uma taça de vinho de marca a acompanhar e ainda fez cara feia ao seu benemérito quando este lhe sugeriu se não se contentava com uma cervejinha. Custo do impulso caritativo: 35 euros.
(...)
Até entrar no equivalente local dos bares de alterne portugueses só para ver como param as modas, pode significar a ruína. As "hospedeiras" aspiram umas centenas de euros do bolso de um anjinho enquanto o diabo esfrega um olho. Aqui há dois ou três anos, chegou aos jornais da região o muito comentado caso de um jornalista finlandês que foi a um desses bares beber um copo e olhar para as garotas, e meia hora mais tarde estava na polícia, a queixar-se que lhe haviam esportulado três mil euros e que o plafond do cartão de crédito tinha desabado. (...)"

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Hilariante, Miss Pearls. :)
Conheço bem essa Cannes mas pelo lado publicitário, que se segue agora em Junho e sei de histórias mirabolantes (ai que não páro de rir, relembrando-as). Eu fiquei-me pelos absurdos preços de um croque-monsieur na esplanada do Carlton e pelos vodkas nocturnos no Martinez.
Obrigado por este momento de humor refinado.

11:39 da tarde  

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