domingo, setembro 17

A tour (1)

Confesso que mal cheguei fiquei logo com vontade de partir. Basta uma vista de olhos por esta cidade sem jeito, mal vivida de dia e meia deserta à noite, para desejar estar numa terra de gente que se ri com gosto, que canta, que povoa as ruas sem complexos nem inibições, que não se põe à frente do balcão do bar a agitar o copo, só a ver.

Temple Bar , Dublin( photo)

Ainda tenho os olhos cheios de tanto verde, ovelhas, fadas, harpas, duendes, pedras da sorte, trevos, cruzes, pints, com uma língua e um passado tão diferente do nosso. Com um saco cheio de promessas de felicidade, saúde, e amor, wishing stones, love stones, bençãos de Saint Patrick para a casa, o automóvel, os amigos, a família, os jogadores de golf, shamrocks plastificados, leprechaun com ferraduras e potes de ouro, confesso que voltei muito mais reconfortada. Isto sem falar no pequeno pedaço de mármore de Connemara que se esfrega e desaparecem as preocupações. Nestas coisas meus amigos, não há que hesitar. Nunca se sabe. Whatever. Just in case...

St Stephens Green, Dublin

James Joyce em North Earl Street , Dublin Photo: UIC, Study Abroad Office

Oscar Wilde em Merrion Square, Dublin

Juro pela minha saúde que não encontrei nem um português, mas em compensação, houve poucos irlandeses com quem tenha falado que não conhecessem o Algarve (the beaches! the golf!)

- Good morning girl! Caramba, não se pode deixar de sorrir para a tradução irlandesa do trabalhador da construção civil para a versão tuga de gaja #%&%X#! Até te #%%%"#&! Com $%%$$$$$!!!!... - Good morning!

Merrion Square

Grafton Street, Dublin, Domingo à tarde Fantástico o nome de um restaurante de comida tailandesa em Belfast: Thai Tanic.

Sally Gap- Wicklow Mountains

As anedotas "secas" dos irlandeses para com a sua própria história (foram tantas, mas só me recordo de duas): - May I paint a mural outside your house? - Do you have an extra brush for me? Entrevista ao Gerry Adams sobre a construção do Titanic: - Quem foram os operários que construiram o Titanic? - Os protestantes - E os católicos? - Esses ficaram no iceberg.

Trinity College, Dublin

O'Connell Bridge, Dublin

Na República da Irlanda aquilo era tudo lindo, mas meus amigos, um maço de cigarros a 7 euros, é obra. E um fundamentalismo total e absoluto. Dantes, quando se queria conhecer falar, conhecer gente, ia-se para um bar. Agora, quando se quer dar dois dedos de conversa, é à porta do bar, higienicamente adaptada com cinzeiros exteriores. Lindo de se ver tudo com os copos na mão, ao final da tarde ou à noite, ruas cheias de fumadores ruidosos. E depois, o Irish stew (batatas e carne a boiar em água) e o Irish breakfast (feijões e mais carne), não fazem muito o meu gosto. Sim, eu sei a história da batata, mas não é isso que me faz gostar da cozinha à base de tanto tubérculo. Lá no Norte, o drama é mesmo a libra, a esterlina. Em vez de casacos da GAP e livros, a penúria só dava mesmo para postais com o Michael Collins, o Presidente Valera , o Douglas Hurd ou do Bobby Sands. Acabei por trazer folhetos turísticos do "George Best Tour", the Belfast Boy, (o aeroporto tomou-lhe o nome) e do Liam Nielson. Hei-de escrever sobre "The Mural Tours: Up the Shankill...down the Falls", quando se comemoram os 25 anos da Greve da Fome no Bloco H, em que morreram 10 militantes do IRA. Duas visitas guiadas feitas por intervenientes dos dois lados do arame farpado.

West and North Belfast- Falls Road, Belfast

Muito obrigada caro Jansenista. Os autores irlandeses estão por todo o lado. Encontrei o Thomas More junto a uma queda de água, uns têm casas, outros encontram-se em memorials, museus e em placas nas ruas. Até aqui no meu bloco de notas.

Caro Paulo Cunha Porto, obrigada pelas suas palavras tão simpáticas. É isso mesmo: um dos menos estragados países europeus e Deus o conserve assim por muitos e longos anos. Fiquei bem contente por não terem caído no deslumbramento dos euros e do betão armado. Autoestradas? Subúrbios desenraizados? Expos praticamente geminadas com a Amadora? Não. Thanks god. Estão a tentar reduzir cada vez mais o número de carros no interior de Dublin e têm óptimos transportes, com duas redes não poluentes. A arquitectura das moradias e dos prédios não é à vontade do freguês, e os jardins nas entradas são um mimo. Opções de gente inteligente. Uma vida calma, onde se anda a pé sem constrangimentos. A Irlanda era um dos países da Europa com maior taxa de sinistralidade rodoviária. Pois agora, na estrada que liga Dublin a Belfast, vi dezenas de câmaras de video devidamente assinaladas e garanto-lhe que ninguém, mas ninguém, andava a velocidades superiores às autorizadas. Os jardins públicos (St.Stephen's Green e Merrion Square) são no centro da cidade, locais de atravessamento e de lazer, cheios de gente e a relva é para as pessoas e não para os cães. E o povo irlandês é fabuloso. Simpático, simples, sem tiques de novoriquismo.

Duke Pub,Duke Street (Dublin Literary Pub Crawl )

Parliament Street, Dublin

6 Comments:

Blogger Nelson Reprezas said...

Um beijinho a agradecer esta visita guiada :)

11:01 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

A musica da Irlanda tem um encanto especial, como esta que se ouve aqui. Conheço bem essa sensação de querermos rapidamente "regressar" para o local de férias. Acontece com frequencia quando nos confrontamos no regresso com o nosso real atraso, com a tristeza do nosso quotidiano, a falta de educação e de civismo e com a sensação de impotência para mudar alguma coisa. Parece uma condenação.

4:22 da tarde  
Blogger Perola Granito said...

Fizemos o mesmo destino :)
Adorei.

5:51 da tarde  
Blogger [A] said...

:)adorei esta pequena viagem...

11:05 da tarde  
Blogger M Isabel G said...

Fico contente por terem gostado ;)

1:02 da manhã  
Blogger Margarida V said...

viagei através das imagens, muito obrigado. :)

11:17 da tarde  

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