domingo, junho 18

O futebol e eu

Está bom de ver que eu e os europeus e os mundiais de futebol não nos entendemos. Talvez porque me dê mal com a boçalidade e histerismo repetidos até à exaustão pelos media, pelos fazedores de festas e pelo business que isto envolve. Talvez porque não vejo os meus concidadãos a mobilizar-se para causas que considero bem mais "nobres", por assim dizer. Talvez porque não compreendo esta estranha devoção ao futebol quando vejo tantos devotos sem o menor respeito pelo país e por quem cá vive. Talvez por ter acordado com garrafas de cerveja partidas por todo o lado, mijo nas paredes, o parvo do costume com a t shirt da selecção a passear o canito por cima do jardim que é de todos e carros com bandeirolas a bloquear a entrada de casa. Ou talvez seja unicamente do meu feitio. Mas quanto a patriotismo, da forma como o vejo, desconfio que há pouca gente de quem aceite "lições".

6 Comments:

Blogger Sergio Barroso said...

Miss Pearls, essa frase «Talvez porque não vejo os meus concidadãos a mobilizar-se para causas que considero bem mais "nobres"», já está gasta e é falsa, pela simples razão que todas essas causas "nobres" pelas quais gostaríamos que os cidadãos se mobilizassem, não ocorrem de dois em dois anos, não duram 90 minutos, não são passadas no sofá, nem em confraternização popular com uma cervejola na mão.
Ou seja, esta “energia” dificilmente é transferível a não ser para todas as outras festas e festividades mais ou menos pagãs, do Rock in Rio ao Festival da Música do CCB, das São Joaninas ao Santo António.
O trabalho cívico, como forma de lazer, nunca fez parte da nossa cultura, pela simples razão que isso é coisa da “leisure class” ou da classe média burguesa com aspirações, coisa que nunca por cá houve. O que sempre houve foi uma classe média promovida pelo Estado, uma minoria elitista, mais ou menos estrangeirada, e com pavor do povo e dos seus rituais. Nem os últimos vinte anos de massificação da universidade e de súbito enriquecimento conseguiram apagar esta marca atávica da nossa sociedade. Veja-se que quem enriqueceu apenas se afirma manifestando comportamentos de novo-rico, (ostentação, boçalidade, …) e quem passou pelo banco das faculdades, mais não faz do que exibir a sua pretensa superioridade na assinatura (dr. qualquer coisa, prof, doutor, senhor engenheiro,…).
Quanto à Selecção Nacional, ao futebol e às bandeirinhas, são apenas mais uma festa popular. Como o circo de Roma, as romarias, as festas do padroeiro, qualquer coisa de aldeia que surge na cidade.

11:07 da manhã  
Blogger M Isabel G said...

S,
Concordo com tudo o que escreveste.

Talvez o que me mova são "as minhas dores".
É praticamente impossível pedir que as pessoas colaborem na limpeza da envolvente das suas habitações (o que importa é a sua casinha), a denunciar problemas nas estradas, carros abandonados nas sua ruas etc. Tenho reparado que ironicamente, alguns dos que defendem a calçada portuguesa por uma questão cultural blá blá blá , são os mesmos que a destroem diariamente com os jeepinhos e os carros.
A malta por cá protesta, protesta, mas colaborar, está quieto!

Mesmo assim, ainda prefiro o festival do marisco ou a festa dos caracóis. :)

11:40 da manhã  
Blogger Sergio Barroso said...

Tudo isso é civismo e cultura cívica e temos muitas e boas razões para não a termos. Ora vejamos: o Século XIX foi uma bagunçada sem rei nem roque; a primeira república, idem; o Prof. Salazar, que era um atávico e um parolo do pior, não fez como os comunistas no Leste, que obrigaram toda a gente a estudar e a ser educadinho; a abrilada deu num avacalhamento tal que ainda estamos a pagar por isso; e a Europa fez de novos uns “gajos finos”, “os imigrantes que trabalhem” e o “Estado que trate disso porque é para isso que se pagam os impostos”. Morrer e nascer de novo é o que eu recomendo. Lá para o fim deste Século a coisa já deve estar melhor. Espera-se.

2:56 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Cara Miss Pearls,
Desculpe lá aquilo do canito mas é que o animal é teimoso como uma besta. Eu a dizer-lhe "olha que isso é propriedade privada!" e ele a teimar "a relva é pública, a praça é minha!". Enfim.

5:12 da tarde  
Blogger M Isabel G said...

CAro anónimo,
Por acaso até já disse ao porcalhão do dono do cão (esse sim uma verdadeira bosta) que um dia alguém lhe põe caca de cão à porta de casa dele, para ele ver se gosta ....
Ele até pode ser um grande patriota por andar com a t shirt da selecção, mas é um gradessíssimo porco. Aposto que é um dos patriotas que põe o carro a bloquear a entrada das casas... Apresenta todos os sintomas..

6:56 da tarde  
Blogger M Isabel G said...

Francis,

Nessa altura já cá não estou ....
quero que se danem :)

6:58 da tarde  

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