Fim de tarde (IV)
Depois do Dia de Reis dá-se por terminada a época das festas. Em muitas casas começam com as caixas saídas da arrecadação, um dia inteiro a pendurar sininhos, bolas, laços, a distribuir velas, a combinar os espaços verdes, vemelhos, dourados, prateados e azuis, a montar o Presépio, inspeccionar as luzes, escolher músicas de Natal, listas de compras, equilibrar anjinhos, a colar alguma peça e, invariavelmente, a discutir onde colocar a árvore. Uma canseira, na verdade, mas no fim, com a luzinhas a piscar e a velas acesas, esquece-se a dor de costas e recolhem-se de novo as caixas vazias.
Com as festas terminadas e algums quilos depois, tenta-se arranjar espaço para mais cd's, mais livros, mais um serviço de copos, mais sabonetes, mais brinquedos ou mais peças de roupa.
As caixas voltam a encher-se com os sininhos, bolas, laços, luzes, desmonta-se o pinheiro, nova dor de costas e até para o ano.
Neste fim de tarde, já sem a nervoseira do jingle bell e a inquietação da época, embrulham-se de novo os desejos, as aspirações adiadas e as saudades. Que sejam as mesmas mãos a abrir de novo esta fantasia.
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