Os Ignóbeis dos outros
"Enquanto o Prémio Nobel da Literatura deste ano não é atribuído a um sírio obscuro ou a uma virago esquerdista alemã, podemos deleitar-nos com o Prémio Ig Nobel da Literatura, dado esta semana aos "nigerianos que, na Internet, criaram e disseminaram por e-mail uma ousada série de contos, apresentando a milhões de leitores um elenco de ricas personagens - o general Sani Abacha, a Sra. Mariam Sanni Abacha, o advogado Jon A. Mbeki, e outros - cada um dos quais precisa apenas de uma pequena quantia em dinheiro, para que possa aceder à grande fortuna a que tem direito e que gostaria de partilhar com a generosa pessoa que os ajudar". (Quem ainda nunca recebeu um mail destas personagens não sabe o que é a literatura africana de nicho).
(...)
Voltando à Literatura, o Ig Nobel de 2004 foi para a Biblioteca Americana de Pesquisa Nudista, em Kissimmee, na Florida, por "preservar a história do nudismo para que todos o possamos ver"; o de 2003, para John Trinkhaus, da Escola de Gestão Zicklin, de Nova Iorque, por mais de 80 ensaios eruditos sobre coisas que o irritam, desde os adolescentes que usam os bonés ao contrário na cabeça até aos estudantes que não gostam de couves de Bruxelas; o de 1998, ano de Saramago, foi para a americana Mara Sidoli, pelo livro Soltar Gases como Defesa Contra o Terror Indizível; e o primeiro de todos, em 1991, para o suíço Erich Von Daniken, pelos seus livros que postulam que a civilização humana floresceu graças à visita de discos voadores alienígenas.
Digam lá se não é tudo leitura bem mais saborosa do que os poemas de um sírio obscuro ou os romances de uma virago esquerdista alemã. "
Eurico de Barros -8.10. 05- DN
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