Estranhas formas de vida
"(...) imagino que daqui a uns anos Bragança estará servida de bastantes vias de comunicação com o deserto. As auto-estradas farão a navegação entre Bragança, numa ponta (Chaves na outra, com a A24, mas há sempre a esperança de Miranda do Douro, porque pressinto o meu país sedento de progresso rodoviário), e Lisboa noutra.
O país beija o asfalto com paixão." No Origem das Espécies
"Os portugueses estão rendidos ao neofrugalismo», diz o Público. O que é o neofrugalismo? (...) O «neofrugalismo» é, realmente, o modo como vivem os povos do Norte da Europa, muito longe dos padrões de consumo norte-americano — e, convenhamos, português nas últimas décadas. Ir ao restaurante uma vez por semana, ou menos; pensar bem antes de entrar numa loja de electrodomésticos, fazer contas antes de imaginar o novo computador, não acumular objectos desnecessários, jantar em casa — aquilo que o «neofrugalismo» propõe é, antes de mais, um modo de vida de país desenvolvido.
(...) A chamada mediocridade nórdica (...)tem a ver com isto: consumir menos, sujar pouco, contentar-se com a modéstia, produzir melhor. É um modo de vida que não pode ser confundido apenas com o «neofrugalismo», ou seja, como uma tendência irremediável de consumo. Menos iPods por ano, menos carros, menos desperdício, saber cozinhar, aproveitar o tempo para ler, menos idas ao cinema, etc.; ou seja, estar menos dependente, viver de acordo com as possibilidades. No Origem das Espécies
Fotog de Copenhaga: Massa Crítica
4 Comments:
Estimada vizinha,
Estranhas formas de vida ? Só de for para os outros nativos...
Respeitosos cumprimentos a todos em casa, felinos inclusivé
È um pouco a antítese da sociedade consumista dominante no mundo ocidental. Mas atenção essa propensão nórdica é relativamente recente...Os PIIGS mais uns do que outros obviamente, vão entrar rapidamente numa espécie de «neofrugalismo» induzido e forçado, nada latino portanto. Serão os valores do conteúdo sobre a forma a dominar a escassa classe média? Ponho as minhas dúvidas, a não ser que o doente não saia mais da UCI a não ser na horizontal...
A meu ver passam das marcas. É triste vê-los, bisonhos, pelas ruas de Ponta Delgada a regressarem aos quartos dos hoteis de sacos de plástico na mão, depois de passarem pelo supermercado.
Nem um jantarinho num restaurante!!
Se nos deixassem (se nos deixasse a nossa sina de ser quem somos e de ter quem temos por governantes) ficar por aí, por esse frugalismo - que é o que já se vai fazendo... Mas com dignidade, por opção educada e não por pobreza a custo disfarçada e insaciável rapina fiscal (e aterrorizadora certeza de quase abandono pelo Estado, se o pior nos acontecer). Numa luta incessante e quase(?) perdida.
A diferença, suponho, é essa.
Costa
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