De Concorde na Cordoaria Nacional
Já não tenho memória de quando terei ido pela primeira vez ao bazar do Corpo Diplomático. Recordo-me vagamente dos apertos num armazém acanhado na Doca de Conde Óbidos e de mais uma dúzia de salas onde anualmente este evento tem lugar por alturas do Natal. Antes do advento da globalização, da invasão de lojas de viagens, lojas chinesas, dos clubes de gourmet, das viagens baratas, da internet, e da moda de coloridas etnografias, as prendas de Natal eram um pretexto para a visita ao bazar. A minha mãe apanhou-lhe o jeito de chegar cedo e saía satisfeita carregada de embalagens de chás, cafés, almofadas orientais, frascos de doce, frutos secos, garrafas de vinho, gravatas, caixas de madeira, e bolos para nos apaziguar da espera.
E porque a tradição ainda é o que era e mesmo com o coração apertado de tantas ausências, hoje em dia a visita ao bazar é mais bolos. Quem diz bolos diz cozinha moçambicana, angolana, egípcia, israelita, turca, tailandesa, marroquina, tartes austríacas, crepes com Maple syrup canadiano e vinho argentino.
Mesmo sem o defunto Concorde e sem paz no mundo, ainda é possível partilhar uma mesa com a simpatia e com a cozinha de tantos povos. À hora a que escrevo isto, nada que uma garrafa de água gaseificada não resolva.
4 Comments:
Não conhecia este blog. Vim até cá depois de ver a votação, e ... gostei. Despretencioso, simpático, cheio de coisas boas e bons sabores. Parabéns. Um beijo blogosférico do LA
É o Lauro António himself? Aqui no meu blog?
Obrigada
:)
Isabel
Gosto muito destes seus textos. Simples, emotivos mas contidos, tranquilos. Dá-me logo vontade de correr para a cordoaria.
Não sei se é o Lauro António, mas permito-me subscrever o comentário.
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