Confidências num boudoir moderno

Ai Rodrigo, que engano: "Qual Gucci, Prada ou Chanel. Tudo isso já foi coisa na década de oitenta. George Rech, para soirées, Buckles, mais arrojada e Fendi em assessórios. Entretinha a minha Barbie com vestidos e vestidinhos. Entretinha-me de Ken garantindo-lhe ocasião para os usar a todos." Isso é tudo muito bonito, muito arrojado e muito moderno. Fashion, como se diz agora. Mas o meu amigo é um conservador. Sabe que as coisas boas perduram e marcam a diferença. Como um perfume, por exemplo (sei do que falo). O chanel 5 é um clássico. Como um filme ou uma canção. Também é conservador. É um pequeno luxo. Agarra-se à pele, ao cabelo, à roupa, à casa. Tem uma identidade própria. Não é de modas e não vai em cantigas. Atravessa gerações e não é antigo. Dispõe bem mesmo quando se está mal. Ah! Quantas vitorianas sedutoras e balzaquianas requestadas arrasaram corações adormecidos com uma simples gota de perfume? E até houve estrelas arrebatadoras que o vestiam para dormir. Deixe-se de coisas, Rodrigo. A naftalina está nas cabecinhas das mulheres, mas nunca numa gota de chanel 5. E antes que a blogoesfera acabe e que a festa comece, ainda hei-de dar uma volta aos meus microfilmes destes últimos dois anos Sempre gostei de muitas palmas e de um gran finale.