Fim de tarde (V)
Desciam a rua os dois. Eram só mais duas pessoas que se cruzavam com o resto do mundo. Eram criaturas banais, pensavam eles, com um relatório de vida igual ao de tantos outros. Por vezes riam-se com isso, pela sabedoria de andarem juntos, de tocarem o olhar um do outro, como se a alma lhes fosse comum. Costumavam imaginar-se mistérios em gestos inesperados, perdiam-se por pequenas coisas e pela singularidade da vida. Apreciavam a delicadeza das palavras e cultivavam um silêncio que aprenderam a respeitar. Eram só pessoas normais e decentes que se amavam.
Naquele fim de tarde, ela deu-lhe a mão, sorriu e sentiu-se confortada. Acelerou o passo. Queria chegar casa.
2 Comments:
Belo texto!
Simpatia sua :)
Obrigada
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