terça-feira, dezembro 20

A praga

Talvez tenham ficado com a ideia de que não gosto das lojas "China Feliz" (lá em casa todas as lojas de chineses se chamam assim). Pelo contrário, sou uma freguesa habitual dessas lojas fantásticas desde que não peça nenhuma informação ao/à funcionário/a. Não vale a pena pedir luvas de algodão porque nos trazem luvas de plástico ou de borracha. Luvas são luvas, ponto final. Não compleender e eu também não consigo expilicar. Em vez das habituais trombas em diversos tascos perto da Faculdade, onde é que sou recebida com "Boa talde plofessola"? Um verdadeiro luxo asiático. Mas não era sobre isto que queria escrever. A praga lá de cima no título é a máquina de filmar/fotografar digital. Estão por todo o lado, às dezenas, em almoços, festas, jantares, baptizados, casamentos, sempre prontas a disparar centenas de vezes, press-delete, ri-te, esta não ficou bem, ainda tenho mais duzentas e cinquenta, dá-me o teu mail, esta está gira, mais esta para o screen saver... Incompreensivelmente, estas centenas e centenas de fotografias não saem do disco rígido ou do CD. Raras vezes as vejo e peço encarecidamente para não as enviarem por mail. Creio que nunca as mandam revelar: as molduras estão cheias de fotografias anteriores à era digital. Então para quê tanto press-delete? Para os avós as verem agarrados aos écrans dos computadores? Os pais e tios babados andam com CD's na carteira? E a velha moldurinha? E o álbum de papel? Suponho que deve haver ficheiros electrónicos fantásticos em fabulosos discos rígidos. Mas não me ponham agarrada a écrans de portáteis que tenho sempre a desculpa de que vejo mal (verdade) ou que me esqueci dos óculos (mentira).
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