sábado, dezembro 10

Post limpinho

Lá vai o tempo em que a sinalética das casas de banho, essencialmente em locais privados, era fácil de interpretar: um menino ou uma menina, um Humphrey Bogart ou uma Lauren Bacall, o Pato Donald ou a Margarida, e não havia nada que enganar. Nos últimos tempos, tenho reparado que essa simbologia está cada vez mais difusa, andrógina, estilizada e incompreensível. Geralmente são coisas de disaine moderno, em restaurantes ou bares estilo modernaço, onde as torneiras têm formatos estranhos e em que o sabonete está em caixas que só mesmo à pancada, porque não se sabe bem onde carregar. Suponho que esta estética obedeça a práticas ecológicas, tipo poupança de água e assim. Não sei bem. E que o sabonete líquido seja de facto mais higiénico. Mas por vezes fico a olhar para a torneira: carrego, não carrego, onde carrego? Algum botão de lado? Algum dispositivo para carregar com os pés? Sopro para a torneira? Canto? Insulto-a? Chamo o empregado? Claro está que ninguém pode reparar na nossa iliteracia. Se por acaso está alguém na casa de banho, o melhor é disfarçar e evitar fazer figuras tristes. Espera-se que a criatura, certamente mais esperta que nós, consiga abrir a torneira, tire sabonete e seque as mãos. Tudo pelo canto do olho, enquanto se dá um jeito ao cabelo ou se disfarça uma borbulha com base ou pasta dos dentes saídas dos confins dos nossos sacos multi-usos. Já percebi que muitas dessas coisas funcionam à base de sensores para água e luz, mas nem sempre da forma mais eficaz. Há verdadeiros casos de tortura de Tântalo: quando a mão se aproxima não sai água e quando se retira a mão desata a jorrar. Uma coisa do Além, valha-me Deus. E isto sem falar naquelas desgraçadas banheiras dos hotéis que parecem querer massajar-nos até aos ossos, cheias de esguichos, jactos e ebulições…. Mas isso fica para outro post: reparo que o temporizador da luz está já a dar sinal de desligar…
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